Sonho de uma tarde de domingo,
Alameda Central, cidade do México
1948
Mural de Diego Rivera
Querida Frida,
Sem dúvida a morte é um tempo para refletir independentemente da cultura, acaba por trazer um contraste entre existir e extinguir, possível e impossível, trás também uma pergunta-fatura: O que tens feito com a tua vida?
Durante estas duas semanas tenho refletido bem sobre essa pergunta e tentado aproveitar a oportunidade de estar viva para fazer coisas que gosto, estar com quem gosto, fazer o que gosto e contribuir para um mundo melhor.
A Morte tem também uma maneira cultural de a vermos, podemos no entanto ir buscar inspiração em outras culturas para amenizar a dor, perceber de modo diferente este processo inevitável, etc...
A vossa maneira é mais confortante de ver a morte: reencontro com os que já partiram, continuando a comer, beber e dançar no outro plano. A ideia de reunião do outro lado com os que já partiram é reconfortante, afinal todos temos entes queridos que partiram. Nós que cá ficamos honremos a sua memória fazendo o que eles nos gostavam de ver fazer: ser felizes, se não for possível que os deixemos partir para outro plano em paz. Sobretudo que sejamos sinceros connosco e com o que parte: sem aquele véu tecido pelo parece bem dizer isto ou aquilo, fazer isto ou aquilo, ter esta ou aquela atitude só para quem cá fica pensar "bem" de nós.
Vivamos aqui de acordo com a nossa consciência, sem prejudicar ninguém, contribuindo para um mundo melhor para que quando chegar a nossa hora, no outro plano, quando a pergunta for: o que fizeste da tua vida? Tenhamos alegria em dar a resposta.
A memória é o grande legado do ser humano, que a usemos da melhor maneira também para com eles comunicar, aprender e evoluir.
Fica aqui o meu muito obrigada a todos aqueles que fizeram parte da minha vida e partiram para planos diferentes, com graus de proximidade e campos diferentes no contributo ao Ser que sou hoje, até já.
com amor
mit Liebe
Helena, artesã mística
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